A importância do DHA nos primeiros 1000 dias de vida do bebê

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1000 dias: período de vida do bebê compreendido entre o momento da sua concepção e os dois primeiros anos de idade.

Mara Cláudia Dias*

 

Existem dois períodos críticos durante o desenvolvimento nos quais os ácidos graxos n-3, entre os quais está o DHA (ácido docosahexaenoico), são extremamente importantes: o período fetal e o período que vai do nascimento até o final dos 2 anos de idade. Esses ácidos graxos, lipídeos considerados saudáveis, são componentes estruturais da retina e do cérebro, dos quais o DHA constitui mais de 35% do total dos ácidos graxos. Durante a gestação, tanto os estoques maternos quanto a ingestão dietética materna de ácidos graxos n-3 são de importância fundamental para assegurar ao neonato o fornecimento adequado de DHA. Todos estes ácidos graxos poliinsaturados, incluindo DHA, são transferidos exclusivamente através da placenta em direção ao sangue fetal.

A restrição dietética destes lipídeos, durante a gestação e a lactação interfere, com a função visual normal e pode até mesmo comprometer o processo de aprendizagem dos lactentes e os testes de inteligência.

Assim, recomenda-se o consumo materno regular de alimentos que contenham DHA, como, por exemplo, a ingestão de peixes 2 vezes por semana durante a gestação. As melhores fontes são: salmão, atum, arenque e sardinha. Consumo em maiores quantidades não é recomendado devido ao risco de contaminação por mercúrio.

Atualmente, com os conhecimentos acumulados nas últimas décadas, não restam dúvidas que o leite humano é o alimento ideal para lactentes, pelo menos até o sexto mês de vida de forma exclusiva, e continuada até os 2 anos, não somente devido às suas propriedades nutricionais, como pelo seu menor custo e pela promoção do vínculo mãe-filho. De fato, vários são os estudos que apontam a importância da amamentação para diminuir a morbi-mortalidade e melhorar a qualidade de vida da população materno-infantil. Ressalta-se que o leite humano contém quantidade suficiente de ácidos graxos poliinsaturados para atender às necessidades dos tecidos em desenvolvimento do lactente, especialmente do cérebro e da retina. A quantidade destes ácidos graxos poliinsaturados que cada lactente recebe por dia, através do aleitamento, varia conforme a dieta materna, que, quanto maiores teores de DHA apresentar, maiores serão os teores deste Ômega 3 no leite materno. As crianças não amamentadas deverão receber fórmulas enriquecidas com DHA.

A fase entre o nascimento e o final do segundo ano de vida é considerada principal para o crescimento do cérebro. A deficiência de Ômega 3, está associada, mais tarde, na queda do desempenho escolar e dificuldade de atenção. Deve-se estimular o consumo de fontes alimentares pelas crianças.

Outras fontes alimentares de lipídeos precursores, o ácido graxo linolênico, são a semente de linhaça, a semente de chia e as frutas oleaginosas, como castanhas, nozes e amêndoas.

*Mara Cláudia Dias é nutricionista, especialista em nutrição materno-infantil pela Universidade Federal de Viçosa-MG e docente da graduação e pós-Graduação do Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH.

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