TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade

TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade) é um distúrbio neurobiológico crônico, descrito em meados do século 19 e que se caracteriza por desatenção, agitação e impulsividade. Esses sinais manifestam-se habitualmente na infância, mas podem perdurar por toda a vida, se não forem devidamente reconhecidos e tratados.

O distúrbio afeta de 3% a 5% das crianças em idade escolar e 2,5% dos adultos. A prevalência é maior entre os meninos e sua frequência é igual em todo o mundo. A dificuldade para manter o foco nas atividades propostas e a agitação motora que caracterizam a doença são inconsistentes com o nível de desenvolvimento e tem um impacto negativo nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais.

A herdabilidade* do TDAH é alta, variando de 70 a 80%. Existem fatores ambientais relacionados ao TDAH, mas cuja relação causal ainda merece ser melhor definida. Entre os fatores de maior consistência estão a prematuridade e o baixo peso ao nascimento.

De acordo com o DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a síndrome pode ser classificada em três tipos:

Quadro Clínico

Geralmente a questão desatencional fica clara nos primeiros anos de escola, apesar de estar presente desde o nascimento. Quando predomina a desatenção, os pacientes apresentam dificuldade maior de concentração, de organizar atividades, de seguir instruções, e podem saltar de uma tarefa inacabada para outra, sem nunca terminar aquilo que começaram. São pessoas que se distraem com facilidade e frequentemente esquecem o que tinham para fazer ou onde colocaram seus pertences. Não conseguem também prestar atenção em detalhes, demoram para iniciar as tarefas e cometem erros por absoluto descuido e distração, o que pode prejudicar o processo de aprendizagem e a atuação profissional. O TDAH se constitui por uma excessiva dificuldade em manter o foco em uma atividade que exija esforço mental prolongado; uma atividade que precise ser desempenhada com regras, prazos pré-determinados. Além disso, crianças com déficit de atenção têm dificuldade para começar e terminar suas tarefas.

Outra dificuldade é a de rever situações e erros; dificuldade de fazer conclusões, síntese e análise de atitude. As crianças com TDAH tendem a ser mais esquecidas, desorganizadas e perdem-se em tarefas. Além disso tendem a ter rendimentos escolares e rotineiros mais baixos, problemas de memorização, capacidade de organização e interiorização de conceitos.

Nos casos em que prevalece a hiperatividade, os portadores do distúrbio são muito inquietos, agitados e falam muito. Dificilmente conseguem participar de atividades sedentárias e manter silêncio durante as brincadeiras ou realização dos trabalhos. Já a impulsividade se destaca pela impaciência, o agir sem pensar, a dificuldade para ouvir as perguntas até o fim, a precipitação para falar e a intromissão nos assuntos, conversas e atividades alheias.

Na adolescência e na vida adulta, os sintomas de hiperatividade costumam ser menos evidentes, mas as outras dificuldades permanecem inalteradas e os prejuízos se acumulam no dia a dia com reflexos negativos sobre a autoestima.

De uma forma geral, os sintomas do TDAH geram reflexos negativos no convívio social e familiar, assim como no desempenho escolar ou profissional dos portadores do transtorno.

Esses sintomas podem manifestar-se em diferentes graus de comprometimento e intensidade. Em todas as faixas etárias, portadores do transtorno estão sujeitos a desenvolver comorbidades, isto é, a desenvolver simultaneamente distúrbios psiquiátricos. O Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) é associado em cerca de metade das crianças com apresentação combinada e o Transtorno de Conduta (TC) em até um quarto desse grupo de crianças.

Transtorno específico de aprendizagem comumente é ligado ao TDAH. Transtorno de Ansiedade e Transtorno Depressivo Maior ocorrem em uma menor parcela dos indivíduos com TDAH, embora com maior frequência que na população em geral. Na adolescência, há um risco importante de uso abusivo do álcool e de outras drogas e de gestação precoce.

Estudos apontam a predisposição genética e a ocorrência de alterações nos neurotransmissores (dopamina e noradrenalina), que estabelecem as conexões entre os neurônios na região frontal do cérebro, como as principais causas do transtorno do déficit de atenção.

Diagnóstico

O diagnóstico do TDAH é essencialmente clínico, pois não há marcador biológico que seja característico do transtorno. A avaliação diagnóstica deve ser realizada por especialistas com base nos critérios estabelecidos pelo CID10 (Classificação Internacional de Doenças) ou pelo DSM V.

Os sintomas devem manifestar-se na infância, antes dos 12 anos, em pelo menos em dois ambientes diferentes (casa, escola, lazer, trabalho) e, no mínimo, durante seis meses. Devem também ser responsáveis por desajustes e alterações comportamentais que dificultam o relacionamento e a performance dos portadores nas mais diversas situações.

Tratamento

O tratamento do TDAH é multimodal, envolvendo psicoeducação, intervenção medicamentosa para manejo de sintomas, programas escolares de gestão de comportamento, treinamento familiar e tratamento de desordens associadas.

Crianças podem exigir os cuidados de equipe multidisciplinar, em função dos desajustes pedagógicos e comportamentais associados ao TDAH. Em pré-escolares as intervenções comportamentais são o tratamento de primeira linha, sendo instituído o tratamento medicamentoso nessa idade apenas nos casos mais graves.

As medicações de primeira escolha utilizadas no tratamento do TDAH são os psicoestimulantes e consistem em formulações de metilfenidato ou anfetamina. A eficácia dos psicoestimulantes na redução a curto prazo dos sintomas do TDAH foi muito bem demonstrada em diversos estudos clínicos. Já as reações adversas – insônia, falta de apetite, dores abdominais e cefaleia – tendem a ser leves na maior parte dos casos e ocorrem principalmente no início do tratamento. Os efeitos do uso prolongado dessas medicações em relação ao peso e à estatura podem ser atenuados utilizando estratégias de “férias” medicamentosas. E o mais importante é sempre conversar com seu médico sobre os reais benefícios e impactos do tratamento.

É importante ressaltar que:

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