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Minha criança pode ter pressão alta (hipertensão arterial)?

A hipertensão arterial (pressão alta) é uma doença silenciosa, ou seja, de poucos sintomas, e que pode provocar graves repercussões, como: derrame cerebral, problemas cardíacos, renais e neurológicos. É mais comum em adultos, mas o avanço recente entre crianças e adolescentes preocupa os médicos. Atualmente, cerca de 10% das crianças e dos adolescentes tem hipertensão arterial no Brasil, isto é, um caso de hipertensão a cada dez crianças e adolescentes.

O que causa a hipertensão arterial?

A hipertensão arterial pode ter diferentes causas. A hipertensão arterial primária é aquela que surge a partir de fatores desconhecidos – é a doença influenciada pelos hábitos de vida. É bem comum em adultos, mas hoje acontece cada vez mais nos pacientes pediátricos.

As causas secundárias, por outro lado, estão ligadas a enfermidades identificáveis, que vão de problemas genéticos específicos, doenças endócrinas, problemas metabólicos, tumores e malformações de órgãos, como coração, rins e cérebro. Grande parte dos casos de hipertensão secundária está ligada a malformações nos rins e, muitas vezes, esse problema pode ser identificado no exame ultrassonográfico do feto e acompanhado desde o nascimento da criança.

Os médicos devem sempre buscar a causa da hipertensão, especialmente nas crianças e nos adolescentes. É difícil que a criança tenha pressão alta por nada.

Que criança deve ter a sua pressão arterial aferida?

Nas crianças saudáveis, deve-se aferir a pressão arterial pelo menos 1 vez antes dos 3 anos de idade e, a partir daí, a cada visita ao(à) pediatra.

As crianças menores de 3 anos de idade com fatores de risco devem ter a pressão arterial aferida o quanto antes. Entre estes fatores de risco, podemos citar:

Como eu detecto a pressão alta?

A hipertensão primária geralmente ocorre sem sintomas, mas crianças pequenas podem apresentar mudanças no comportamento, como maior agitação e irritabilidade; e as maiores tendem a ter mais dor de cabeça. Nos casos secundários, alguns sinais de alerta para problemas renais que podem levar, futuramente, à hipertensão são o surgimento de sangue e proteína na urina e inchaço. Outros sintomas também podem estar presentes de acordo com a causa secundária da hipertensão.

A aferição da pressão arterial em crianças, sobretudo as menores, requer equipamento de tamanho específico, de acordo com o tamanho do braço do paciente. O aparelho é o mesmo, mas há vários tipos de manguitos (parte colocada no braço da pessoa). Embora seja parte essencial do exame pediátrico, é comum faltar esse equipamento nos consultórios médicos.

Para aferir a pressão arterial, a criança deve estar tranquila, em repouso, sentada em uma cadeira com apoio nos braços. Em uma criança que está chorando durante o exame a aferição da pressão arterial pode ser adiada para um momento em que a criança esteja mais tranquila ou dormindo.

A pressão arterial varia conforme o sexo, a idade e a estatura da criança. Após a aferição em condições adequadas, é importante comparar os valores encontrados na consulta com os valores das curvas de normalidades (https://www.mdcalc.com/aap-pediatric-hypertension-guidelines). É preciso que 3 aferições em consultas distintas constatem a pressão elevada para se firmar o diagnóstico de hipertensão arterial.

O que devo fazer se a pressão da minha criança estiver elevada?

A criança com diagnóstico firmado de hipertensão arterial deve ser avaliada preferencialmente pelo nefrologista pediátrico a fim de se realizar um exame clínico detalhado. Os exames de sangue, de urina e a ultrassonografia dos rins e do trato urinário são exames importantes na avaliação inicial da criança com hipertensão. Outros exames específicos podem ser solicitados para a investigação de causas secundárias. O nefrologista pediátrico junto ao(à) pediatra da criança orientará sobre a doença e definirá qual será o melhor tratamento.

Após confirmar a pressão alta, o tratamento é essencial. Na hipertensão ligada a causas primárias, se o paciente estiver assintomático, com resultados normais nos exames, pode não ser preciso o uso de medicamentos, apenas o estímulo de bons hábitos de saúde. Estes bons hábitos de saúde englobam o aumento do consumo de frutas, legumes e hortaliças, a dieta balanceada com refeições estruturadas, a atividade física supervisionada de no mínimo 60 minutos por dia e o limite de 1 hora ou menos de televisão e/ou computadores e tablets ao longo do dia. No caso da secundária, melhora na dieta e exercício também são necessários, mas a utilização de medicamentos em geral é indicada.

É importante lembrar que aferir a pressão arterial é a melhor forma de prevenir, pois a pressão não se eleva de uma hora para a outra.

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