Estresse tóxico na infância: como lidar
Publicado em 9 de setembro de 2019Você provavelmente já deve ter ouvido falar em estresse tóxico na infância. Seja por meio da mídia, de algum médico ou amigo/membro da família, esse assunto é extremamente discutido nos dias atuais. O problema disso, como já se sabe, é que é muito fácil encontrar informações enganosas ou incorretas sobre esse tema, principalmente na internet e no boca-a-boca.
Pensando nisso, preparamos um guia com tudo que você precisa saber sobre o estresse tóxico, como ele pode afetar uma criança e quais são as melhores formas de preveni-lo/tratá-lo. Vamos lá?
Tipos de estresse
Antes de conversarmos sobre o estresse tóxico, é importante entender que existem três tipos gerais de estresse: positivo, tolerável e tóxico. Eles correspondem, na verdade, às respostas que nosso organismo gera às situações desafiadoras e desagradáveis da vida.
Positivo: a resposta positiva ao estresse é uma parte normal e essencial do desenvolvimento saudável de uma criança. Ela é caracterizada por breves aumentos na frequência cardíaca e pequenas elevações nos níveis hormonais do corpo.
Algumas situações que podem desencadear uma resposta positiva ao estresse são o primeiro dia de aula, por exemplo, ou o breve momento antes de receber uma injeção.
Tolerável: a resposta tolerável ao estresse ativa os sistemas de alerta do corpo em maior grau, como resultado de dificuldades mais graves e duradouras, como a perda de um ente querido, um desastre natural ou uma lesão assustadora.
Se a ativação é limitada no tempo e afagada por adultos de confiança, que ajudam a criança a se adaptar a essa situação, o cérebro e outros órgãos se recuperam dos efeitos que poderiam ser prejudiciais à saúde do pequeno.
Tóxico: é a ativação excessiva ou prolongada dos sistemas de resposta ao estresse no corpo e no cérebro.
São exemplos de situações na infância que podem gerar estresse tóxico:
- morte de entes queridos;
- doenças;
- divórcio dos pais;
- abandono;
- ambiente doméstico instável;
- desastres naturais;
- tiroteios e/ou eventos de violência em massa;
- entre outros.
E como ele acontece?
Aprender a lidar com as adversidades é uma parte importante do desenvolvimento de uma criança. Porém, digamos que o organismo dela, por ainda estar em amadurecimento, pode sofrer alguns danos (permanentes ou não) em função dessas adversidades.
Veja bem: quando qualquer um de nós se sente ameaçado, nosso corpo se prepara extintivamente para combater tal situação, aumentando a frequência cardíaca, a pressão arterial e os hormônios do estresse (como o cortisol). Na criança, quando estas respostas ao estresse são ativadas em um ambiente seguro e saudável, seus efeitos fisiológicos são processados, amortecidos e neutralizados.
No entanto, se essas respostas ao estresse forem extremas e duradouras, e o ambiente em volta do pequeno for muito conturbado, seus mecanismos de defesa podem ser gravemente comprometidos, gerando repercussões ao longo da vida como problemas de aprendizado, comportamento e até mesmo saúde.
Desvendando o cérebro do pequeno
Você sabia que o cérebro humano só se desenvolve por completo a cerca dos 25 anos? Tendo isso em vista, não é de se espantar que as experiências da primeira infância desempenhem um papel importante no desenvolvimento do cérebro do pequeno.
Ocorre que, durante a fase de crescimento, diversos fatores de estresse físicos e psicológicos costumam moldar nossos sistemas Nervoso e Endócrino, influenciando no amadurecimento do hipocampo (principal estrutura do cérebro ligada à memória), e nas respostas comportamentais ao estresse (produção de cortisol, aumento da frequência cardíaca etc).
Sabe-se, então, que um desenvolvimento infantil saudável depende, em parte, da qualidade das respostas (que devem ser saudáveis e eficazes) do organismo às várias situações estressantes e desafiadoras do cotidiano.
Contudo, em crianças que sofrem de estresse tóxico, a arquitetura do cérebro costuma ser afetada negativamente pelos traumas que ela enfrenta, desregulando todas as outras funções do corpo (endócrinas, imunológicas etc).
Os perigos do estresse tóxico
Todo esse descompasso do cérebro com o restante do corpo pode provocar:
- perda de imunidade;
- alterações bruscas de comportamento;
- irritabilidade;
- ansiedade;
- depressão;
- doenças autoimunes (Lúpus, Vitiligo, Psoríase etc);
- doenças crônicas (diabetes tipo II, hipertensão etc).
Como ajudar o seu filho?
O estresse tóxico é uma questão muito séria, mas não é o fim do mundo. Saiba que existem ações concretas que você pode tomar para ajudar a prevenir o estresse tóxico, ou tratá-lo dentro dos conformes. Aqui estão algumas delas:
- mantenha o ambiente familiar saudável, com bastante conversa sobre os sentimentos de todos e papo sincero;
- deixe a criança longe de pessoas as quais ela não se sente confortável perto;
- incentive uma dieta saudável a todos os membros da família. Isso faz com que o organismo se mantenha forte e em pleno funcionamento;
- invista em passeios ao ar livre! O contato com a natureza é muito importante para os pequenos.
- procure pela ajuda de um psicólogo infantil para tomar os próximos passos.
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Este conteúdo foi originalmente publicado no portal Convite à Saúde.