Saúde mental na adolescência: por que ela é tão frágil?

A juventude é um momento único e desafiante da vida. Embora a maioria dos jovens tenha boa saúde mental na adolescência, várias mudanças físicas e sociais podem torná-los ainda mais vulneráveis ​​aos problemas de cunho emocional.  

O uso do “ainda”, na última frase do parágrafo acima, é proposital. Ocorre que as razões pelas quais um jovem se torna vulnerável a distúrbios psicológicos como ansiedade, depressão e estresse tóxico vão muito mais além do que os famosos “perigos e avanços da internet”.

Ocorre que o cérebro humano, na puberdade, ainda se encontra em processo de formação. Isso explica, inclusive de forma científica, por que o adolescente, ao contrário de um adulto típico, costuma ser tão impulsivo, irritado e passional com as questões da vida. Faz parte do processo.  

Pensando nisso, nosso objetivo hoje é conversar um pouco mais sobre a saúde mental na adolescência. Afinal: como ela funciona? Quais são os distúrbios psiquiátricos mais comuns durante essa fase da vida, e o quê fazer para tratá-los?

Bem, só há um jeito de descobrir. Continue conosco e vamos lá! 

Os fatores determinantes da saúde mental na adolescência

A adolescência é um período crucial da vida. Afinal, é nela que o jovem costuma aprender a: 

Tendo estes tópicos em vista, e adicionando uma pitada de descobertas sexuais, chuva de hormônios, mudanças sociais e corporais, pressão de todos os lados etc, não é difícil imaginar por que os adolescentes estão mais suscetíveis a adquirirem distúrbios emocionais. 

Contudo, para além destes aspectos próprios da idade, ainda existe um fator determinante para entender a personalidade “forte” do seu filho adolescente: o cérebro dele.

Como o cérebro de um jovem funciona?

Ele se irrita fácil, revolta-se com aspectos normais do cotidiano, bate a porta do quarto, age com impulsividade, enxerga as figuras autoritárias como inimigas etc.  Esse é o estereótipo do adolescente que todos nós conhecemos e amamos, porém, não entendemos. 

Contudo, não se preocupe. Ele não foi mordido por uma aranha radioativa, e nem trocado por um sósia revoltado. O cérebro dele é que está mudando e, junto a ele, seu comportamento e respostas automáticas às situações do cotidiano também.  

Acontece que a principal mudança da infância para a puberdade é que, na segunda, as conexões neurais não utilizadas na parte do pensamento e processamento do cérebro são “podadas”. Ao mesmo tempo, outras conexões, que ele julga mais importantes, são selecionadas e fortalecidas. Essa é a maneira que o órgão se comporta para ficar cada vez mais eficiente e adaptado para a vida adulta. É como se ele dissesse: “Ou você usa essa informação, ou eu a jogo fora, entendeu?”.

Mais emoção, menos razão

Esse processo de poda neural começa na parte de trás do cérebro, enquanto a parte da frente (córtex pré-frontal) é remodelada por último. A título de curiosidade, o córtex pré-frontal é a parte do cérebro que toma as decisões, que é responsável pela capacidade do seu filho de planejar e pensar nas consequências das ações, resolver problemas e controlar impulsos. E olha que cilada: as mudanças nessa parte tão importante do nosso corpo continuam até início da idade adulta.

Aí, enquanto o córtex pré-frontal ainda está em desenvolvimento, os adolescentes podem contar com uma parte do cérebro chamada amígdala para tomar decisões e resolver problemas. Só que essa belezinha, por sua vez, está diretamente associada a emoções, impulsos, agressões e comportamentos instintivos. 

Tanta coisa foi explicada em tão poucos parágrafos, né? Resumindo: o cérebro dos adolescentes funciona diferente dos adultos quando o assunto é tomar decisões ou resolver problemas. Suas ações são guiadas mais pela amígdala emocional e reativa, e menos pelo córtex frontal lógico e ponderado

Além do cérebro, o que mais pode comprometer a saúde mental na adolescência?

Pesquisas também mostraram que a exposição a drogas e álcool durante a adolescência pode alterar ou atrasar o desenvolvimento do córtex pré-frontal.

Além disso, existem todas aquelas questões que já entendemos com mais propriedade, como: 

Para saber um pouco mais sobre esses fatores, dê uma lida em nosso texto sobre suicídio na adolescência. Lá, você vai entender todos os fatores de risco que os jovens sofrem até recorrerem a ele.  

A fragilidade da saúde mental na adolescência: uma visão geral

Em todo o mundo, estima-se que 10 a 20% dos adolescentes vivenciem, durante a puberdade, algumas condições de saúde mental. Porém, pelo fato dessa fase já ser complicada por natureza, elas continuam subdiagnosticadas e subtratadas. 

Sendo assim, os sinais de problemas de saúde mental na adolescência podem ser ignorados por vários motivos, como a falta de conhecimento ou conscientização sobre o assunto, ou até mesmo preconceito. 

É por isso que estamos aqui. Chegou o momento de conversarmos sobre os distúrbios emocionais mais comuns na puberdade. Vamos lá?

Os problemas psicológicos mais comuns na adolescência

Transtornos de ansiedade

São caracterizados por sentimentos de inquietação excessiva, preocupação e medo, e ocorrem em aproximadamente 32% das crianças de 13 a 18 anos. São alguns exemplos que incluem esse quadro:

Depressão

O humor deprimido afeta pensamentos, sentimentos e atividades diárias, incluindo comer, dormir e trabalhar. Ocorre em aproximadamente 13% das crianças de 12 a 17 anos, e inclui os seguintes exemplos: 

Distúrbios alimentares

São caracterizados por comportamentos alimentares extremos e anormais. Ocorrem em quase 3% das crianças de 13 a 18 anos de idade e possuem os seguintes tipos:

E, por fim…

Além de depressão ou ansiedade, os adolescentes com distúrbios emocionais também podem sofrer de irritabilidade, frustração ou raiva excessivas. Os sintomas podem se sobrepor uns aos outros, com mudanças rápidas e inesperadas de humor e explosões emocionais. 

Adolescentes mais jovens também podem desenvolver sintomas físicos relacionados à emoção, como dor de estômago, dor de cabeça ou náusea.

Para saber como lidar com todos esses problemas, te convidamos, mais uma vez, a ler nosso conteúdo sobre suicídio na adolescência. Afinal, além de ser um assunto extremamente relevante, tem todas as informações que você precisa para amparar seu filho psicologicamente.

Um abração e até a próxima!

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Este conteúdo foi originalmente publicado no portal Convite à Saúde.

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