Terapia nutricional e educação em diabetes para crianças e adolescentes
Publicado em 22 de julho de 2019O cuidado nutricional em pacientes diabéticos é uma das áreas mais desafiadoras do tratamento e das estratégias de mudança do estilo de vida. O controle glicêmico é apontado como a pedra angular do manejo do diabetes, pois reduz o risco de complicações crônicas da doença.
O controle da ingestão de carboidratos é o ponto mais importante no manejo glicêmico, pois influencia diretamente os níveis de glicose pós prandiais (2 horas após a refeição). As escolhas alimentares promovem efeito direto sobre o equilíbrio energético, o peso corporal e as gorduras do sangue.
Evidências científicas demonstram que a intervenção nutricional tem impacto significativo na redução da hemoglobina glicada, um importante marcador de controle glicêmico.
Pontos fundamentais da terapia nutricional
A orientação nutricional tem como alicerce uma alimentação variada e equilibrada cujo foco é atender às necessidades nutricionais em todas as fases da vida. A alimentação na infância é fator determinante na saúde da criança.
As fases iniciais do desenvolvimento humano são influenciadas por fatores nutricionais e metabólicos levando a efeitos de longo prazo na programação metabólica da saúde na vida adulta.
Para crianças e adolescentes com diabetes, o cuidado nutricional difere daquele do adulto em razão das mudanças na sensibilidade à insulina relacionadas com o crescimento e a maturação sexual.
As necessidades de nutrientes para crianças e adolescentes com Diabetes tipo 1 ou tipo 2 são similares às de outras crianças da mesma idade. Planos alimentares individualizados e regimes intensivos de insulina podem fornecer flexibilidade a crianças e adolescentes com diabetes na acomodação do tempo e dos horários de refeições irregulares, em situações de variação de apetite e níveis de atividade física.
Ressalta-se que o objetivo prioritário da conduta nutricional para crianças e adolescentes é manter adequado crescimento e desenvolvimento como base para o controle glicêmico, ou seja, a terapia nutricional não está pautada em restrições sem evidência científica. Cada vez mais vem sendo utilizado o esquema de insulina basal-bolus nesse tratamento e recomenda-se o uso do método de contagem de carboidratos como estratégia nutricional para individualizar e flexibilizar a ingestão alimentar e obter bom controle glicêmico.
Crianças e jovens com diabetes, assim como todas as crianças, passam boa parte do dia na escola, portanto a comunicação próxima e a cooperação da equipe escolar são essenciais para o gerenciamento ideal do diabetes, a segurança e as oportunidades acadêmicas máximas.
A merenda escolar deve ter seu horário adaptado ao esquema de insulina utilizado pela criança e não ultrapassar o intervalo de mais de 3 horas da última refeição.
No que diz respeito ao tipo de alimento, o ideal é pactuar escolhas saudáveis disponíveis na escola ou levá-las de casa. O planejamento dos lanches deve considerar o total de gramas de carboidratos proposto para o horário do lanche, de acordo com o plano alimentar especificado previamente pelo nutricionista.
Educação em Diabetes
A educação voltada para a autogestão do diabetes é o processo de facilitação de conhecimentos, habilidades e capacidades necessárias para o autocuidado da doença. Conscientizar da importância de um planejamento alimentar balanceado deve ser prioridade em todos os programas voltados a indivíduos com diabetes.
Pessoas com diabetes e seus familiares devem ser inseridos em programas de educação nutricional desde o diagnóstico, com abordagem sobre a importância do autocuidado e da independência quanto a decisões e atitudes ligadas à alimentação e ao controle metabólico.
Por meio desse conhecimento, o paciente poderá compreender a importância e a influência dos alimentos no controle glicêmico, bem como estar ciente da prevenção de complicações.
Este conteúdo foi originalmente publicado no portal Convite à Saúde.