Qual a importância de se acompanhar a medida do perímetro cefálico na criança?
Publicado em 7 de maio de 2016Os pais dão muita importância e geralmente sabem o peso e estatura de seus filhos, mas quase nunca lembram a medida do perímetro cefálico. Muitos pediatras também se preocupam excessivamente com a idade de fechamento da fontanela (“moleira”), sendo que este não é o dado mais importante. O fechamento antes ou depois da idade média esperada não terá significado clínico se o perímetro cefálico estiver crescendo adequadamente. Uma boa puericultura deve incluir a medida do perímetro cefálico. E não basta uma medida isolada, o mais importante é o ritmo de crescimento do perímetro cefálico. Assim como para o peso e estatura existem curvas padronizadas para acompanhar o crescimento do perímetro cefálico.
Algumas crianças têm medidas de perímetro cefálico abaixo ou acima do esperado para sua idade, mas isso poderá ser normal, principalmente quando for proporcional ao peso e estatura (micro e macrocrania constitucionais). A medida do perímetro cefálico dos pais também auxilia neste diagnóstico.
A microcefalia (cabeça pequena) pode ocorrer em várias síndromes genéticas.
A Síndrome Fetal alcoólica que decorre do uso abusivo de álcool na gestação, entre outras características, também cursa com microcefalia.
A macrocefalia (cabeça grande) pode ser devido à hidrocefalia, aumento do espaço subaracnóideo, tumores cerebrais, doenças genéticas e metabólicas (por exemplo, mucopolissacaridoses, acidúria glutárica tipo I, doença de Canavan, doença de Alexander, doença de Van der Knaap).
O líquor é um líquido que banha todo o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Ele preenche os ventrículos e circula por todos espaços cerebrais; é constantemente produzido e absorvido pelo organismo. A hidrocefalia é caracterizada pelo acúmulo anormal desse líquido na cabeça com dilatação dos ventrículos cerebrais. Ela pode ocorrer por aumento na produção, diminuição da absorção ou obstrução na circulação do líqüor. A hidrocefalia pode ser congênita, presente antes mesmo do nascimento, ou adquirida (por exemplo, por tumores). Nesse caso pode haver obstrução do escoamento do líqüor pelo próprio tumor, mas também existem tumores que produzem líqüor em quantidade aumentada (tumores do plexo coróide).
Portanto, quando o pediatra detectar um crescimento fora do habitual, deverá encaminhar a criança para avaliação especializada.