Bullying: uma questão preocupante
Publicado em 9 de junho de 2012O que é bullying?
O termo bullying, de origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizado para qualificar comportamentos agressivos no âmbito escolar, praticados tanto por meninos quanto por meninas. Os atos de violência (física ou não) ocorrem de forma intencional e repetitiva contra um ou mais alunos que se encontram impossibilitados de fazer frente às agressões sofridas. Tais comportamentos não apresentam motivações específicas ou justificáveis. Em última instância, significa dizer que, de forma “natural”, os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas.
Quais são as formas de bullying?
Abaixo, estão listadas as principais formas de bullying:
- Verbal (insultar, ofender, falar mal, colocar apelidos pejorativos)
- Física e material (bater, empurrar, beliscar, roubar, furtar ou destruir pertences da vítima)
- Psicológica e moral (humilhar, excluir, discriminar, chantagear, intimidar, difamar)
- Sexual (abusar, violentar, assediar, insinuar)
- Virtual ou ciberbullying (bullying realizado por meio de ferramentas tecnológicas, como celulares, filmadoras, internet etc.)
Os meninos cometem bullying mais frequentemente que as meninas?
Estudos revelam um pequeno predomínio dos meninos sobre as meninas. Por serem mais agressivos e utilizarem a força física, as atitudes dos meninos são mais visíveis, o que talvez justifica a maior frequência apontada nas pesquisas. Já as meninas costumam praticar bullying com base em intrigas, fofocas e isolamento das colegas. Podem, com isso, passar despercebidas, tanto na escola quanto no ambiente doméstico.
Quais as principais razões que levam os jovens a serem os agressores?
É muito importante que os responsáveis pelos processos educacionais identifiquem com qual tipo de agressor estão lidando, uma vez que existem motivações diferentes:
- Muitos se comportam assim por uma nítida falta de limites em seus processos educacionais no contexto familiar.
- Outros carecem de um modelo de educação que seja capaz de associar a autorrealização com atitudes socialmente produtivas e solidárias. Tais agressores procuram nas ações egoístas e maldosas um meio de adquirir poder e status, e reproduzem os modelos domésticos na sociedade.
- Existem ainda aqueles que vivenciam dificuldades momentâneas, como a separação traumática dos pais, ausência de recursos financeiros, doenças na família etc. A violência praticada por esses jovens é um fato novo em seu modo de agir e, portanto, circunstancial.
- E, por fim, nos deparamos com a minoria dos opressores, porém a mais perversa. Trata-se de crianças ou adolescentes que apresentam a transgressão como base estrutural de suas personalidades. Falta-lhes o sentimento essencial para o exercício do altruísmo: a empatia.
Quais são os principais problemas que uma vítima de bullying pode enfrentar na escola e ao longo da vida?
As consequências são as mais variadas possíveis e dependem muito de cada indivíduo, da sua estrutura, de vivências, de predisposição genética, da forma e da intensidade das agressões. No entanto, todas as vítimas, sem exceção, sofrem com os ataques de bullying (em maior ou menor proporção). Muitas levarão marcas profundas provenientes das agressões para a vida adulta, e necessitarão de apoio psiquiátrico e/ou psicológico para a superação do problema.
Os problemas mais comuns são: desinteresse pela escola; problemas psicossomáticos; problemas comportamentais e psíquicos como transtorno do pânico, depressão, anorexia e bulimia, fobia escolar, fobia social, ansiedade generalizada, entre outros. O bullying também pode agravar problemas preexistentes, devido ao tempo prolongado de estresse a que a vítima é submetida. Em casos mais graves, podem-se observar quadros de esquizofrenia, homicídio e suicídio.
Como perceber quando uma criança ou adolescente está sofrendo bullying? Há um comportamento típico?
O comportamento das vítimas de bullying varia conforme o ambiente que elas frequentam. Por isso, é fundamental que os pais e os profissionais da escola fiquem atentos para os seguintes sinais:
Na Escola:
- No intervalos, a criança encontra-se isolada do grupo ou perto de algum adulto que possa protegê-la;
- Na sala de aula, apresentam postura retraída; mostram-se comumente tristes, deprimidas ou aflitas;
- Faltas frequentes às aulas;
- Nos jogos ou atividades em grupo sempre são as últimas a serem escolhidas ou são excluídas;
- Aos poucos, vão se desinteressando pelas atividades e tarefas escolares;
- Em casos mais graves, apresentam hematomas, arranhões, cortes, roupas danificadas ou rasgadas.
Em Casa:
- Frequentemente se queixam de dores de cabeça, enjoo, dor de estômago, tonturas, vômitos, perda de apetite, insônia. Todos esses sintomas tendem a ser mais intensos no período que antecede o horário da escola.
- Mudanças frequentes e intensas de estado de humor, com explosões repentinas de irritação ou raiva.
- Geralmente elas não têm amigos (ou são poucos);
- Existe uma escassez de telefonemas, e-mails, torpedos, convites para festas, passeios ou viagens com o grupo escolar.
- Passam a gastar mais dinheiro do que o habitual na cantina ou com a compra de objetos diversos com o intuito de presentear os outros.
- Apresentam diversas desculpas (inclusive doenças físicas) para faltar às aulas.
Como é o comportamento de um praticante de bullying?
Na escola, os bullies (agressores) fazem brincadeiras de mau gosto, gozações, colocam apelidos pejorativos, difamam, ameaçam, constrangem e menosprezam alguns alunos. Furtam ou roubam dinheiro, lanches e pertences de outros estudantes. Costumam ser populares e estão sempre enturmados. Divertem-se à custa do sofrimento alheio.
No ambiente doméstico, mantêm atitudes desafiadoras e agressivas em relação aos familiares. São arrogantes no agir, no falar e no vestir, demonstrando superioridade. Manipulam pessoas para se safar das confusões em que se envolveram. Costumam voltar da escola com objetos ou dinheiro que não possuíam. Muitos agressores mentem, de forma convincente, e negam as reclamações da escola, dos irmãos ou dos empregados domésticos.
O fenômeno byllying começa em casa?
Muitas vezes o fenômeno começa em casa. Entretanto, para que os filhos possam ser mais empáticos e possam agir com respeito ao próximo, é necessário primeiro uma avaliação do que ocorre dentro de casa. Os pais, muitas vezes, não questionam suas próprias condutas e valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores. O exemplo dentro de casa é fundamental. O ensinamento de ética, solidariedade e altruísmo deve-se iniciar ainda no berço e então se estender para o âmbito escolar, onde as crianças e adolescentes passarão grande parte do seu tempo.