A importância da vitamina D
Publicado em 20 de maio de 2020Nos últimos anos, tem-se estudado muito o papel da vitamina D no corpo humano. Hoje, sabe-se que as funções desse hormônio esteroide* vão muito além do metabolismo ósseo e que determinadas situações têm contribuído para a sua deficiência.
Os hormônios esteroides foram descobertos pelo químico alemão Adolf Windaus, cujos feitos lhe renderam o Prêmio Nobel de Química em 1928. Seus estudos descreveram a constituição química dessas substâncias e sua conexão com as vitaminas.
Há mais de 100 anos, sabe-se que o raio ultravioleta proveniente da luz solar é a principal fonte de vitamina D (mais precisamente vitamina D 3 ), que é absorvida pela pele e é sintetizada no organismo a partir do seu precursor, o colesterol. A vitamina D 3 é também encontrada em menor quantidade em peixes ricos em óleo, como salmão, sardinha, atum e cavala. Os cogumelos expostos à luz solar são outras fontes ricas da vitamina D 2 , outra forma na qual essa vitamina é encontrada na natureza.
A vitamina D, em quantidades suficientes no corpo humano, garante a absorção eficiente de cálcio e fósforo, prevenindo o raquitismo. Sem a sua presença, apenas 10-15% do cálcio e 60% do fósforo da alimentação são absorvidos. Além dessa função, desempenha várias outras ações biológicas, estando o seu receptor presente na maioria dos tecidos do corpo. Dentre suas múltiplas funções, destacam-se aquelas ligadas à imunidade e à redução de processos inflamatórios em geral.
Os dados epidemiológicos sobre a deficiência da vitamina D são alarmantes, inclusive na faixa etária pediátrica. Estudos realizados nos EUA e na Europa mostram que até 50% dos adolescentes hispânicos e afroamericanos de algumas regiões têm deficiência desse hormônio, ou seja, níveis inferiores a 20 ng/mL.
Sem dúvida, a maior causa de deficiência de vitamina D é a exposição insuficiente aos raios solares. O uso de protetor solar com FPS superior a 30 reduz a produção da vitamina D na pele em mais de 95%. Pessoas com a cor da pele mais escura têm maior risco de deficiência, já que têm proteção solar natural. Há ainda uma associação direta entre a obesidade e baixos níveis da vitamina D, inclusive nas crianças. Outras situações também estão relacionadas à falta do hormônio, como síndromes de má absorção intestinal, uso de medicamentos (como anticonvulsivantes
e glicocorticoides), alguns linfomas e doenças endócrinas. Uma situação especial é a deficiência da vitamina D na gestação, causando falta do hormônio também no recém-nascido, com aumento do risco de baixo peso, fraqueza óssea e hipocalcemia (redução do cálcio no sangue). Em bebês que necessitem de internação prolongada, como prematuros, haverá prolongamento do tempo sem exposição solar), aumentando-se o risco de hipovitaminose D.
A falta da vitamina D no corpo resultará em anormalidades do metabolismo do cálcio, do fósforo e, consequentemente, dos ossos, levando à redução da mineralização óssea (osteopenia e osteoporose). Nas crianças, as modificações estruturais dos ossos em desenvolvimento provocam uma variedade de deformidades esqueléticas, conhecidas como raquitismo.
Além das alterações ósseas, a deficiência de vitamina D causa fraqueza muscular e, recentemente, tem sido questionada sua associação ao desenvolvimento de doenças autoimunes, como diabetes mellitus tipo 1 (“insulino-dependente”), esclerose múltipla, doença inflamatória intestinal, lúpus, etc. Hoje, ainda há conflito de resultados de estudos científicos nessa área, ou seja, não há comprovação da associação da hipovitaminose D às doenças autoimunes.
A exposição solar nos horários recomendados (luz solar direta, sem protetor), além da ingestão de alimentos ricos em vitamina D, são as formas mais baratas e eficientes de se evitar a sua deficiência.
Nos últimos anos, tem-se recomendado a suplementação de vitamina D a um grande número de pessoas com risco de deficiência vitamínica. Através da consulta médica, procura-se identificar situações de risco, como baixa exposição solar, ingestão de quantidades insuficientes de alimentos ricos em vitamina D ou ainda o diagnóstico de doenças que interferem no metabolismo da vitamina D.
Nesses casos, a suplementação oral é muito importante. No mercado, já se encontram disponíveis preparações em gotas, de fácil ingestão até para os recém-nascidos. Cápsulas e gomas também são opções interessantes para crianças mais velhas e os adolescentes. Há um número grande de apresentações, com possibilidade de uso diário, semanal ou até mensal das preparações.
A prevenção da deficiência de vitamina D deve sempre ser promovida. Quando há diagnóstico da hipovitaminose D, o tratamento deve ser realizado de forma a prevenir suas complicações (sobretudo o raquitismo), com monitorização laboratorial conforme indicação médica.