A arte de cuidar de um bebê prematuro
Publicado em 17 de agosto de 2011
Os três desafios principais do cuidado de um bebê prematuro são: 1) sobrevivência; 2) diminuição de sequelas imediatas; e 3) promover uma boa qualidade de vida no longo prazo.
A sobrevivência dos bebês prematuros tem crescido muito, acompanhando os avanços tecnológicos na área perinatal, com a melhora dos recursos diagnósticos, terapêuticos e de cuidados hospitalares.
Abaixo, descrevo alguns aspectos que devem ser considerados na adequada transição do hospital para o lar.
O prematuro não é um recém-nascido deficiente, nem mesmo um feto. É um ser único, que funciona adequadamente dentro dos limites de seu estágio de desenvolvimento, num processo contínuo de interação e adaptação do organismo ao meio ambiente. Os programas de estimulação dos quais os prematuros participam devem ser oferecidos por profissionais experientes e no momento adequado.
A decisão e o planejamento da alta hospitalar são baseados com relação à saúde do bebê e ao treinamento da família. Ainda na UTI, os familiares devem ser bem orientados em relação a vários aspectos: cuidados básicos, posicionamento antirrefluxo, vacinação, alimentação e acompanhamento médico futuro (avaliação auditiva e visual, hematológica, neurológica, etc).
O programa de follow up do prematuro deve ser realizado por uma equipe multiprofissional experiente. O objetivo principal desse programa é a monitorização do crescimento e do desenvolvimento da criança. Dessa forma, pode-se identificar precocemente situações de desvio da normalidade, o que permite uma intervenção precoce e de maior resultado.
Profissionais que compões a equipe multidisciplinar
- Pediatra Neonatologista
- Fonoaudióloga
- Fisioterapeuta
- Oftalmologista
- Terapeuta ocupacional
- Neurologista Pediátrico
Como deve ser feito o acompanhamento pediátrico do prematuro
A primeira consulta deve ser realizada cerca de 1 semana após a alta hospitalar, de forma a se avaliar a adaptação do prematuro ao lar. As próximas consultas são marcadas a cada 15 dias no primeiro semestre e mensalmente do 7o ao 18o mês de vida. Posteriormente, as consultas deverão ser anuais.
Alguns lembretes importantes
- Com 4 meses de idade pós natal, os prematuros devem ser avaliados por um Neurologista Pediátrico.
- Com 3 anos de idade, deve-se avaliar a função cognitiva e a linguagem da criança.
- Aos 4 anos, caso o prematuro não tenha atingido a estatura das crianças da mesma idade, o mesmo deve ser avaliado por um Endocrinologista Pediátrico.
- Nas idades de 5 e 8 anos, deve-se avaliar o desempenho escolar da criança.
- O esquema de vacinação do prematuro é um pouco diferente em relação a algumas vacinas, como por exemplo no caso das vacinas contra hepatite B contra o vírus respiratório sincicial.
- Para se avaliar o crescimento e o desenvolvimento neuromotor, leva-se em conta a idade corrigida, ou seja, a idade contada após a criança atingir a “40a semana de gestação”.
- As avaliações auditivas e oftalmológicas devem ser realizdas logo após a alta e no final do primeiro e segundo anos de vida.
- O treinamento de retirada de fraldas deve ser baseado na idade corrigida e não na idade cronológica.
- Os bebês prematuros, principalmente aqueles que apresentaram restrição do crescimento intrauterino, são mais propícios a desenvolverem hérnia inguinal com indicação cirúrgica.
- O uso de complexo vitamínico e de ferro são muito importantes para se prevenir anemia e deficiências vitamínicas. Os prematuros não possuem reservas desses nutrientes por terem nascido antes do tempo.
Conclusão
A assistência especial requerida pelo prematuro não se limita à UTI. A alta é a primeira batalha vencida. Assim, é fundamental que todo criança prematura seja acompanhada por uma equipe multiprofissional adequada.