Como aumentar a imunidade do seu filho do jeito certo?
Publicado em 13 de março de 2020Muito se discute sobre a saúde da criançada na internet. Basta um clique para que venham mil receitas, dicas de pais experientes, listas de doenças mais comuns na infância e por aí vai. Mas… quando o assunto é proteção, a pergunta que mais aparece no universo online é: “como aumentar a imunidade do meu filho?”
Bem, eu poderia te passar uma lista de alimentos que fortalecem a imunidade, dar dicas de como lidar com a criança para que ela não fique doente com frequência e até mesmo listar alguns “remedinhos” que facilitariam esse processo. Porém, vá por mim: nada disso ajuda.
O importante, quando tratamos da imunidade infantil, é ENTENDER como ela funciona para, DEPOIS, saber o quê a fortifica. É saber o básico do funcionamento do organismo do seu filho para compreender o que ele vai precisar em algumas idades-chave de seu crescimento.
Pensando nisso, preparei um artigo com TUDO que você precisa entender para aumentar a imunidade da criança do jeito CERTO, e não simplesmente seguindo ordens e dicas às cegas. Vamos lá?
A imunidade infantil começa quando?
Acredite se quiser: na gestação!
Ok, ok. Existe um senso comum que reverbera entre os pais e os profissionais da saúde que é o seguinte: “Geralmente, nosso sistema imunológico só começa a trabalhar com todo o seu potencial por volta dos 5 anos. Então, até essa idade, é claro que o pequeno enfrentará alguns problemas relacionados à imunidade”.
Porém, o pulo do gato é entender que isso não quer dizer que a criança nasça 100% livre de bactérias boas em sua microbiota intestinal. Esta, por sua vez, é fundamental para a nossa saúde e resistência a agentes nocivos durante toda a vida. Mas calma, não se preocupe com isso por enquanto. Já já vamos explicar tudo que você precisa saber sobre a microbiota.
Por enquanto, vamos conversar um pouco sobre os fatos. Vários estudos comprovam que o mecônio (a primeira evacuação do recém-nascido) já apresenta em sua composição algumas bactérias referentes à microbiota intestinal. Ou seja: a mãe já passa um pouco das suas bactérias boas para o feto durante a gestação.
Sendo assim, não é de se espantar que as gravidinhas e gravidonas de plantão entendam que a dieta balanceada, diversificada e rica em vitaminas e nutrientes é essencial desde o primeiro trimestre. Quanto mais fortalecida for a sua microbiota, mais resistente o bebê virá ao mundo.
E no caso dos bebês prematuros?
O pequenino que nasce prematuro, infelizmente, é mais suscetível a infecções. Isso acontece porque o seu sistema imunológico, assim como o organismo de forma geral, ainda é imaturo e, portanto, menos resistente.
Por isso, mães, tenham um cuidado redobrado com o seu ‘baby’ se ele chegar antes da hora. Procurem sempre higienizar as mãos antes de pegar no pequeno, e certifique-se de que as outras pessoas também o façam.
Aliás, falando em “pessoas”, um passo importante para poupar seu filho de infecções indesejadas é limitar o número de visitas a ele nos primeiros meses, e deixá-lo MUITO longe de parentes e amigos que estejam resfriados ou doentes.
Porém, sem neuras. Nem tudo está perdido! Seu filho prematuro, assim como os outros recém-nascidos, terá tempo e oportunidades infinitas para fortalecer a sua imunidade. E, sim, estou me referindo à amamentação.
A importância do leite materno
Assim que o bebê nasce, sua principal fonte de TUDO, inclusive imunidade, é o leite materno. Essa belezinha fornece praticamente todas as proteínas, açúcares e gorduras que o pequeno precisa para ser saudável, e também possui substâncias que beneficiam o seu sistema imunológico, incluindo anticorpos, enzimas e glóbulos brancos.
Nós não podemos deixar de mencionar, inclusive, o colostro, que é aquele “primeiro leite” que o recém-nascido mama. Ele, por ser rico em vitaminas, minerais, gorduras, carboidratos, anticorpos, hormônios de crescimento e enzimas digestivas, promove o bom desenvolvimento e o combate às doenças em bebês.
Então, mulheres, não abram mão (na medida do possível, claro) da amamentação, e se alimentem direitinho para que o leite chegue aos seus filhos super saudável e encorpado!
Como fortalecer a microbiota intestinal corretamente?
Para não prolongar demais nosso bate-papo (afinal, sei como nós, mães, temos milhares e milhares de coisas para fazermos no dia), vou facilitar a vida de vocês e colocar aqui alguns links com TUDO sobre a microbiota intestinal e o seu impacto em bebês e crianças.
Então, quando houver mais tempo, não deixe de acessar nossos seguintes artigos:
- Os pilares da saúde: saúde intestinal
- Microbiota intestinal do bebê e seu papel na saúde
- Probióticos e prebióticos: o que são e qual é a diferença entre eles
- A importância dos probióticos e prebióticos na infância
- Aleitamento materno: a influência da dieta da mãe nesse processo
Como aumentar a imunidade da criança por meio da alimentação?
Uma das principais dúvidas que recebo sobre a fase de introdução alimentar é: “Como eu me certifico de que meu filho está recebendo todas as vitaminas e nutrientes necessários para crescer bem?”.
Pois bem: o primeiro passo é entender que não existe alimento bom, ou ruim.
A bandeira que levanto é a da alimentação equilibrada. Em outras palavras, defendo que os pais compreendam que, para cada idade, a criança realmente necessita de determinados grupos alimentares em uma certa proporção, mas uma coisa é fato: no geral, ela SEMPRE vai precisar de TODOS eles.
E qual é a melhor forma de fazer isso? Dando a ela comida de verdade. Aquela comprada nos açougues e hortifrútis, e preparada em casa. TUDO aquilo que chega até você em forma de embalagens bonitas e mil promessas de sabor, saúde etc precisa ser CORTADO.
Os alimentos ultraprocessados, apesar de deliciosos e super práticos, alteram a microbiota intestinal da criança e, consequentemente, diminuem a imunidade dela. Nós temos aqui na Mon Petit, inclusive, um texto que pode te ajudar muito a entender melhor isso que estou falando. Para acessá-lo é só clicar no link abaixo:
Volta às aulas, merenda escolar e lancheira saudável: como conciliar tudo isso?
Alimentos para aumentar a imunidade: quais são os principais?
São micronutrientes e vitaminas que funcionam em todo o organismo para aumentar a imunidade:
- vitamina C: frutas cítricas (laranja, limão, manga, abacaxi, morango, acerola, tangerina etc), brócolis, espinafre, aspargos, couve, repolho, rúcula entre outros.
- Vitamina D: sua principal fonte é o sol. Porém, ainda pode ser encontrada em peixes como o salmão e as sardinhas, em carnes como o fígado (de boi e de galinha), no óleo de fígado de bacalhau e nos ovos.
- Vitamina B12: é encontrada principalmente em carnes vermelhas e peixes (fígado de boi, coraçãozinho, carne cozida, salmão, atum, truta), e no leite de vaca.
- Vitamina B6: carnes (vermelhas e brancas), banana, ameixa, melancia, batata, peixes (salmão e camarão), avelã, amendoim, espinafre, gérmen de trigo, lentilha, cenoura etc.
- Zinco: ostras, carnes vermelhas e brancas, sementes de abóbora, feijão de soja, amêndoa, amendoim, castanha-do-pará, nós pecã e castanha de caju.
- Selênio: castanha do pará, farinha de trigo, arroz, gema e clara do ovo, feijão, frango, alho e repolho.
- Ferro: carnes vermelhas, brancas e peixes, gema de ovo de galinha, sementes de abóbora e girassol, cacau, noz, amendoim, espinafre, brócolis, acelga, feijão, grão de bico, abóbora moranga, aveia etc.
Algumas dicas importantes e gerais sobre a alimentação:
- Tudo em excesso faz mal;
- cuidado com o sol. Procure sempre expor seu filho a ele em horários amenos (antes das 10 da manhã e depois das 16h);
- evite dar leite ao pequeno logo após as refeições, pois este atrapalha a absorção do zinco pelo organismo;
- evite dar fibras demais às crianças, porque estas também atrapalham na absorção de nutrientes importantes como a vitamina B12 e o zinco;
- CUIDADO COM AS DIETAS DA MODA. Algumas chegam a prejudicar a produção e o conteúdo do leite materno;
- dar alguma coisa rica em vitamina C após o almoço ajuda na absorção de ferro;
- nunca restrinja alimentos ricos em glúten, lactose, açúcares naturais, carboidratos BONS e gorduras BOAS da dieta do seu filho, a menos que ele apresente intolerância ou alergia alimentar a algum deles.
O que mais influencia na imunidade infantil?
A saúde bucal
Nossa boca é a porta de entrada para todo tipo de germes e bactérias desse mundo. Então, manter a flora desta SAUDÁVEL é essencial para proteger a criança de doenças e viroses. Para isso, basta escovar bem os dentes após as refeições, usar fio dental ao menos uma vez no dia e não faltar às consultas odontológicas.
Detalhe: é importante que a gestante já comece seus acompanhamentos com o odontopediatra desde cedo. Isso faz toda a diferença.
A saúde nasal
Nossas vias nasais são expostas a uma variedade gigantesca de coisas que variam desde vírus, germes, bactérias e corpos estranhos, até poluição, agentes alérgenos e por aí vai. Por isso, a lavagem nasal com soro fisiológico é essencial para poupar o pequeno de possíveis doenças e infecções. O ideal é repetir esse processo três vezes ao dia, que pode ser feito com a ajuda de uma seringa simples.
A saúde emocional
Isso vale não só para as crianças, mas para qualquer ser humano. Ficar exposto a muitas situações de estresse, angústia e ansiedade diminui demais a imunidade do corpo. Por isso, fique sempre de olho da saúde mental da família e certifique-se de cuidar dela bem de pertinho.
A quantidade de sono
É durante o descanso da noite que nosso corpo repõe todas as energias e se prepara para o dia seguinte. Por isso, quando afetado, ele só não influencia na disposição e humor da criança como, também, em sua imunidade. Para saber mais sobre a importância do sono, clique aqui e aqui.
A prática de exercícios físicos
Separar pelo menos meia hora do dia para se exercitar é fundamental para fortalecer a imunidade. Isso acontece porque esse processo libera hormônios importantes para o nosso humor e desenvolvimento, para a administração da ansiedade e estresse e para a regulação do organismo como um todo.
A vacinação
Não existe NENHUM estudo sério que comprove que as vacinas possam fazer qualquer tipo de mal ao seu filho, muito pelo contrário. Ela é a principal forma de proteção e prevenção contra doenças perigosas como tuberculose, hepatite, tétano, difteria etc. Temos até um texto interessante que fala sobre esse assunto. Para acessá-lo, basta clicar aqui.
Alguns medicamentos
Você vai PARAR tudo o que está fazendo nesse exato momento, pegar um bloquinho de anotações e escrever nele de todo tamanho a seguinte frase: “NÃO DEVO MEDICAR O MEU FILHO SEM CONSULTAR O PEDIATRA”.
Agora, coloca isso em uma moldura e entenda que essa dica vale para TUDO: analgésicos, antibióticos, antiácidos, antigases, fitoterápicos etc. Qualquer coisinha fora do comum, ou alguma interação entre os medicamentos pode afetar a microbiota intestinal do bebê e, consequentemente, a sua imunidade.
A escolinha
Até um ano de idade, os pediatras pedem para que os pais não coloquem as crianças na escolinha. Isso acontece porque entre os 6 meses e um ano do pequeno, o seu sistema imunológico já não depende tanto da mãe e começa a se construir por conta própria. Então, é natural que ela fique mais exposta à ação de germes e bactérias que são muito comuns em ambientes escolares.
Porém, é claro que existem situações em que os pais trabalham muito e, portanto, precisam recorrer às creches. Por isso, é importante encontrar um lugar que realmente cuide do pequeno, com profissionais capacitados e estrutura apropriada para imprevistos.
Agora, uma polêmica: é preciso limpar muito a casa para evitar que o pequeno adoeça?
Entenda uma coisa: quanto mais limpo o ambiente for, e mais “protegida” a criança estiver com relação às sujeiras do dia a dia (hiper higienização), o sistema imunológico dela ficará defasado. Isso acontece porque ele, com o tempo, não vai conseguir identificar o que é inofensivo para o pequeno, e vice-versa.
Quando a criança vive “numa bolha”, isso contribui para que ela, mais tarde, desenvolva problemas como alergias e até mesmo doenças autoimunes.
Aliás, uma dica importantíssima: a limpeza do quarto da criança deve ser feita APENAS com água e pano. Os produtos de limpeza do mercado, por mais comuns que sejam, estão repletos de fatores alérgenos e tóxicos para o organismo como essências, agentes de higienização e por aí vai.
Dica 2: não precisa colocar a criança para lavar as mãos com sabonetes anti-sépticos, viu? Pode ter certeza de que a água e o sabão NEUTRO fazem um excelente trabalho para manter seu filho livre de germes e bactérias.
E, por fim: quando iniciar a medicação pra imunidade?
Até hoje, não existem medicações ou tratamentos que EFETIVAMENTE melhorem a imunidade da pessoa. O que a potencializa COM CERTEZA, por enquanto, é a combinação de cuidados ambientais, alimentares e de comportamento.