Meu filho não come nada…
Publicado em 27 de junho de 2016O quer precisamos saber?
1) O mundo das crianças é muito mais interessante que o alimento que ela come. Às vezes a criança não consegue focar em apenas uma brincadeira. Imagine então focar na comida!!!
2) A criança é imediatista. Nós adultos comemos muitas vezes mesmo sem ter realmente fome, pois sabemos que precisamos nos alimentar (mesmo inconscientemente), que teremos um dia cheio pela frente, que se não comermos vamos sentir fome mais tarde. A criança não se programa desta forma.
3) O maior estímulo ao prazer da alimentação é a fome. Não ofereça alimentos o tempo todo, não fale de alimento o tempo todo com a criança, principalmente com “ar” bravo ou estressado. A criança precisa ter horário regular de alimento e de jejum. A rotina alimentar é muito importante para o corpo e para a aquisição de bons hábitos alimentares.
4) Um grande erro é oferecer ou deixar a criança alimentar-se sempre que deseja, pois assim, não terá apetite no momento das refeições. O que a criança come aos poucos normalmente é erroneamente quantificado pelos pais, que imaginam não ter sido “quase nada”.
5) A rotina alimentar desenvolvida neste período pode trazer benefícios ou malefícios que podem perdurar por toda a vida. A forma como o adulto se “relaciona” com o alimento (horário, quantidade, qualidade) aos 40-50 anos tem origem nesta fase da vida.
6) A rotina familiar hoje é marcada pela falta de tempo… E muitas vezes o maior tempo que ficamos ao lado do nosso filho é no momento da alimentação e não saímos de perto dele até que coma (isso pode levar cerca de 1 hora em algumas famílias…). Quando a criança termina de comer os pais vão fazer outra coisa. Não sentam para brincar… Ficam com a criança de forma mais intensa no momento do banho, no escovar dos dentes, no comer e pouco tempo no lazer.
7) Seu filho tem peso e altura normais e está seguindo a “curva” do pediatra = A QUANTIDADE QUE ELE ESTÁ COMENDO ESTÁ ADEQUADA PARA O CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DELE. A QUALIDADE NEM SEMPRE…
8) Doces e guloseimas induzem mais saciedade, impedem a alimentação saudável, criam um hábito errado para o resto da vida (lembrar da associação entre alimentação e alguns tipos de câncer, pressão alta, obesidade, resistência à cárie, etc…).
9) A seletividade na alimentação é natural do desenvolvimento NORMAL da criança… Sabidamente o paladar fica mais “apurado” com o tempo.
FÓRMULA MATEMÁTICA BEM CONHECIDAS:
Oferecer o alimento sem estresse, em menor tempo = X
Oferecer o alimento com estresse + dispender grande tempo na alimentação = x + 3 colheres
Obs: as 03 colheres a mais (fruto do estresse, da insistência exaustiva e do grande tempo de alimentação) não farão seu filho ganhar peso e não compensa o estresse para os pais e para a criança podendo até gerar uma relação ruim da criança com o alimento.
90% do que seu filho come é nos primeiros 20-30 minutos, gastar mais tempo que isto não vale à pena….
10) Vitamina não aumenta o apetite em crianças sadias.
11) Comportamentos como recompensas, chantagens, subornos, punições ou castigos para forçar a criança a comer, devem ser evitados, pois podem reforçar a recusa alimentar da criança.
12) Existe uma diferença entre o que os pais gostariam que a criança comesse e o que realmente ela necessita.
13) OBESIDADE está aumentando no mundo, sendo frequente a procura de meninos e meninas adolescentes obesos nos consultórios médicos.
Causas? Sedentarismo, alimentação abundante, qualidade da alimentação e cultura do bebê gordo.
“ROTINA QUANDO É BOA É HÁBITO, QUANDO É RUIM É VÍCIO.”
O que fazer?
- Estabeleça horários para as refeições e para os lanches, com intervalos de 3 horas para crianças entre 1 e 6 anos e de 3-4 horas para os que estão em fase escolar;
- Não troque a refeição principal por outro alimento. Se a criança não quiser comer, insista carinhosamente e sem perder a paciência (o tempo de alimentar-se não deve passar de 20-30 minutos, em geral o estresse ocorre após este período). Caso não coma nada, ficará em jejum até a próxima refeição que não deverá ser adiantada ou aumentada.
- As crianças trocam facilmente a refeição por sucos. Por isso, limite a ingestão de líquidos (sucos, água e leite) durante a refeição. A capacidade gástrica dos meninos é limitada e não vale a pena enchê-la com líquido. Depois vai faltar espaço para a comida. Espere a criança comer parte da refeição para então oferecer suco ou água;
- Seja um bom exemplo. A influência do ambiente em que ela vive, o exemplo dos pais e as experiências positivas ou negativas podem ser mais fortes que a genética.
- Não insista demais. A oferta de um volume de alimentos maior do que a capacidade gástrica da criança diminui o prazer de comer do bebê e aumenta a ansiedade dos pais.
- Evite artifícios como o aviãozinho. Inventar técnicas para fazer o filho comer, como distrair com um brinquedo ou com a televisão ligada e camuflar o alimento não educam para o prazer de se comer bem. Podem até funcionar na hora, mas perdem rapidamente seu efeito e haja criatividade!! A hora de comer é hora só de comer, prestando atenção aos sabores, texturas, aromas, cores.
- Substitua o alimento recusado por outro do mesmo grupo nutricional. Se você insiste nos brócolos mas o bebé cospe tudo ou provoca ânsia de vômito?
- Tente dar espinafre. Rejeita o feijão? Ofereça a lentilha ou grão-de-bico. Insistir exageradamente num alimento específico pode diminuir o prazer com o ato de comer, reforçando a falta de apetite;
- Não tenha medo de impôr limites. Resista às birras e estabeleça limites, seguindo horários fixos para fazer as refeições e insistindo numa alimentação nutritiva;
- Não ceda à chantagem da greve de fome. Ele não quer comer o jantar balanceado e insiste em comer bolachas. Para não deixar o pequeno de barriga vazia, você aceita a chantagem e deixa ele se lambuzar à vontade, depois de prometer que vai comer direitinho na próxima refeição. Sabe o que vai acontecer? No dia seguinte, o seu espertíssimo filhote vai recorrer à mesma tática, negando-se a comer o que é certo, em troca dos seus alimentos preferidos. Não caia nisso.
- Não deixe os lanchinhos estragarem a disciplina. Na hora do almoço ele não quis comer nada, mas uma hora depois pede o lanche e se enche de bolachas (e você oferece, afinal de contas… tadinho ele não comeu nada…). Não deixe! Seja firme: se a criança disse que estava sem fome no almoço, vai ter que esperar até a hora certa do lanche e quando ela chegar, vai ter que se contentar com a quantidade correta, mesmo que a fome seja maior.
- Continua com vontade? Ensine-lhe a guardar a “fome” para o jantar.