Algumas informações sobre o Diabetes mellitus

O que é o diabetes?

O diabetes mellitus é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia crônica, resultante de defeitos na secreção de insulina, na sua ação ou ambos.

O diabetes mellitus tipo 1 aparece como resultado de uma destruição das células beta produtoras de insulina, por uma resposta auto-imune. Este tipo de reação também ocorre em outras doenças, como Lupus, esclerose múltipla e doenças da tireóide.

A única fonte de insulina do organismo, as células beta, vão diminuindo em quantidade, já que não ocorre regeneração significativa para compensar sua perda. Assim, o diabetes tipo 1 é caracterizado por uma destruição seletiva e quantitativa de células beta.

Já o diabetes tipo 2 ocorre porque o corpo cria uma resistência à insulina, dificultando sua ação de baixar os níveis glicêmicos. Geralmente acomete as pessoas mais velhas e com sobrepeso. No entanto, na última década, a incidência de diabetes tipo 2 tem aumentado muito na faixa etária pediátrica.

Como se desenvolve o diabetes?

Quando nos alimentamos, o pâncreas libera uma quantidade maior de insulina para permitir que a glicose que consumimos durante a refeição sirva como fonte de energia para o organismo, mantendo os níveis de açúcar no sangue dentro da normalidade.

A insulina é um hormônio que age transportando a glicose do sangue (absorvida da alimentação) para dentro da célula, para que sirva como fonte de energia. Trata-se de um hormônio essencial para a sobrevivência do organismo.

Pessoas com níveis altos ou mal controlados de glicose no sangue podem apresentar:

Como é realizado o diagnóstico?

O diagnóstico é realizado com base na história e nos sintomas clínicos – emagrecimento, hálito cetônico, desidratação, etc. Exames laboratoriais são essenciais para a sua confirmação. Segundo os critérios da Associação Americana de Diabetes (ADA) e da Sociedade Internacional para o Diabetes na

Infância e Adolescência (ISPAD), o diagnóstico é confirmado quando a glicemia de jejum é ≥ 126 mg/dl (confirmada por uma segunda medida), ou quando uma medida casual da glicemia é ≥ 200 mg/dl, associada a sinais e sintomas sugestivos da doença. Nos casos duvidosos, um teste de sobrecarga com dextrosol pode ser solicitado pelo médico.

A dosagem de anticorpos específicos, principalmente nos casos com dificuldade de diferenciação entre diabetes tipo 1 e 2, pode ser de grande utilidade.

Tratamento

O tratamento do diabetes tipo 1, na maioria dos casos, consiste na aplicação diária de insulina, uma vez que o organismo não produz mais o hormônio, além da prática regular de exercícios físicos e uma alimentação balanceada e disciplinada.

A quantidade de insulina necessária dependerá do nível glicêmico. Naturalmente, o controle da alimentação também é muito importante. Os métodos mais atuais de tratamento aliam a dosagem de insulina para uma quantidade pré-determinada de carboidratos da dieta, a chamada “contagem de carboidratos”. Exercícios físicos regulares são essenciais ao tratamento, pois ajudam a manter um melhor controle glicêmico, assim, diminuindo a necessidade de insulina.

Existem diferentes tipos de preparação de insulina, as quais se distinguem pela velocidade com que são absorvidas do tecido subcutâneo para o sangue (início da ação) e pela duração da sua ação.

Monitorização:

Para se atingir esses objetivos, é preciso aprender a cuidar do diabetes. E a auto-monitorização (controle domiciliar), testes simples e rápidos para a avaliação dos níveis de glicemia (glicose no sangue) e cetonúria (cetonas na urina), têm papel fundamental neste processo.

A realização da cetonúria objetiva identificar a deficiência de insulina, quando então o organismo lança mão da queima de gorduras para tentar obter a energia que não foi conseguida com a utilização de glicose. Formam-se, então, os corpos cetônicos (responsáveis pelo hálito cetônico ou de maçã), que são excretados pela urina e sinalizam que o diabetes já está bastante descontrolado.

A presença de cetonas na urina é um sinal de alarme, indicativo que a situação metabólica está fora de controle. Por isso é preciso entrar em contato com o Endocrinologista Pediátrico, para a avaliação e conduta necessária. É recomendável que a cetonúria seja realizada sempre que houver persistência de hiperglicemia e/ou na presença de doenças intercorrentes.

A medida da glicemia capilar é o teste mais importante para o controle metabólico, pois reflete o nível de glicose sangüínea em um momento específico. E orientará a quantidade de insulina a ser aplicada para cada refeição, além de possibilitar o tratamento de hipo e hiperglicemias.

A monitorização laboratorial é importante para se avaliar o controle metabólico. A hemoglobina glicada (HbA1c) traduz a média das glicemias dos 3 últimos meses, e a frutosamina das 3 últimas semanas. A primeira deve ser realizada, portanto, a cada 3 meses. Seus valores são individualizados para cada faixa etária e devem ser interpretados juntamente com o Endocrinologista Pediátrico.

A compreensão das informações escritas aqui é muito importante. O bom conhecimento da doença e das formas de monitorização e tratamento são indispensáveis para o bom controle clínico. O papel do Endocrinologista Pediátrico é essencial, no sentido de orientar a família da criança diabética e estabelecer as metas do tratamento.

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