Transporte da criança no carro

Preciso mesmo usar cadeirinha no carro?

Mais importante que a obrigatoriedade por lei, porém, é a segurança do seu filho.

Grande parte dos acidentes acontece perto de casa, em ruas onde a velocidade não passa de 60 km/h. O corpo das crianças é frágil, e as cadeirinhas são projetadas para segurá-las nos pontos mais resistentes do organismo, de modo a causar o mínimo de ferimentos internos.

O próprio impacto com o cinto de segurança, quando ele está na posição inadequada, ou muito largo, pode causar lesões nos órgãos e levar à morte.

Por isso, usar cadeirinha de carro para crianças deve ser um procedimento automático, como usar o cinto de segurança é para os adultos. Acostume seu filho desde pequeno a sempre usar a cadeirinha no banco de trás. Ele não vai estranhar — vai simplesmente achar que é assim que as coisas funcionam.

Qual é a mais adequada para que idade?

Existem três tipos principais de poltronas para crianças. Em termos de segurança, mais que a idade, o que interessa é o peso e a altura do seu filho, em relação ao que está escrito no manual de cada cadeirinha.

1) BEBÊ CONFORTO

São cadeirinhas adequadas para bebês recém-nascidos até cerca de 9 kg (algumas até 10 e 13 kg dependendo do fabricante), mais reclinadas, e que devem ser colocadas de costas para o banco da frente do carro, de preferência no centro. Muitas vezes esses modelos possuem uma base que fica acoplada ao cinto de segurança, o que facilita a retirada da cadeirinha.

Esse tipo de bebê-conforto, com cinto de segurança interno de cinco pontos, encaixa na maioria dos carrinhos, o que significa que você pode tirar o bebê do carro dormindo, com cadeirinha e tudo, sem ter que incomodá-lo ou acordá-lo. São os chamados “travel systems“.

A desvantagem é que, depois que a criança chega ao limite de peso (9 kg ou até 13 kg dependendo do fabricante), é necessário comprar outra poltrona.

Se a criança ainda não tiver 1 ano, a nova cadeira terá de ser do tipo reversível (leia a seguir).

2) POLTRONAS REVERSÍVEIS

Chamadas reversíveis pois podem ficar viradas para trás ou para frente. São cadeirinhas projetadas para carregar desde recém-nascidos até crianças de cerca de 16 kg ou 18 kg (dependendo do modelo e fabricante). Enquanto o bebê é pequeno (até 10kg) , esses modelos são instalados de costas para o banco da frente do carro. Essa é a posição mais segura, porque protege o pescoço do bebê em caso de impacto.

ALGUNS ESPECIALISTAS, INCLUSIVE A AAP (ACADEMIA AMERICANA DE PEDIATRIA E AGORA A SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA) RECOMENDAM DEIXAR A CADEIRINHA VOLTADA PARA TRÁS PELO MAIOR TEMPO POSSÍVEL, ULTRAPASSANDO 10KG OU 1 ANO E DE PREFERÊNCIA ATÉ OS 2 ANOS).

Essas poltronas têm cintos de segurança de cinco pontos, mas também existem modelos que se transformam em “boosters” para que a criança use o próprio cinto do carro.

Pontos positivos: gasta-se uma vez apenas. Se comprar esse modelo (desde que reversível), não precisa comprar o bebê conforto, pois ela atende de RN até 9-10 ou 13 kg (dependendo do fabricante).

Ponto negativo: não tem a opção travel system que o bebê conforto tem (aquele que permite tirar o bebê do carro dormindo, com cadeirinha e tudo, sem ter que incomodá-lo ou acordá-lo).

3) CADEIRA/POLTRONA NÃO REVERSÍVEL: 9 a 36kg

Como não é reversível (ficada virado apenas para frente) pode ser usado para crianças a partir de 9kg até atingir 36 kg). Em geral usado até os 4 anos e meio.

Ponto negativo: justamente por servir para várias idades ela tende a não ser 100% confortável quando a criança é mais nova. Por isso se a criança for mais nova o ideal é um modelo com redutores e itens para ajuste.

Ponto positivo: pode ser usado por muito tempo.

4) POLTRONAS PARA O POSICIONAMENTO DO CINTO DO CARRO (BOOSTERS OU ASSENTOS DE ELEVAÇÃO):

São poltronas ou “banquinhos” que servem para a criança ficar mais alta, dessa forma usar o cinto normal do carro na posição correta.

Esse tipo de assento de elevação pode ou não ter encosto. No caso dos sem encosto, é necessário que o carro tenha proteção para a cabeça, que evita o efeito de “chicote” em caso de acidente, um grande causador de lesões na medula espinhal.

Os assentos de elevação com encosto têm a vantagem de posicionar melhor a parte superior do cinto, pois costumam ter “passantes” e ser ajustáveis à altura da criança. Só podem usar esse tipo de poltrona crianças com mais de 4 anos de idade, segundo a resolução do Contran, mas não tenha pressa de fazer a mudança.

A legislação brasileira afirma que esse tipo de cadeira é obrigatório para crianças de até 7 anos e meio, mas o ideal é que ela seja usada até a criança ter 1,45 m de altura (isso pode ser lá pelos 10 anos). A partir daí ela pode passar a utilizar o cinto normal do banco, sem assento.

Não basta ter a cadeirinha. É preciso saber instalar e usar

Instalar a cadeirinha do carro não é tarefa fácil. É preciso passar o cinto de segurança do veículo pelos locais indicados no manual de instrução do assento (nem sempre muito bem explicado) e apertar bem, até que a cadeira praticamente não se mexa. Para isso, você ou seu companheiro terão que literalmente subir na cadeira, para forçá-la contra o estofado e garantir que a instalação esteja realmente firme.

De acordo com especialistas, o melhor lugar para a instalação da cadeirinha é no assento do meio do banco traseiro, para diminuir o risco de um impacto no caso de acidentes. Sempre que possível, reserve esse lugar para a criança mais nova.

Não adianta ter a cadeirinha e não prender seu filho direito. O cinto da cadeirinha precisa ser colocado de forma que apenas um dedo caiba entre o cinto e o corpo da criança, ou seja, o cinto precisa ficar justo.

Você saberá que ele está bem colocado se não conseguir “pinçar” o tecido usando os dedos polegar e indicador. O motivo disso é que, se o cinto estiver largo, além de a criança poder se soltar, no caso de acidente haverá um forte impacto do corpo dela com o cinto, o que já é suficiente para provocar lesões graves.

Em outros países, como nos Estados Unidos, os carros são equipados com um sistema, chamado LATCH, que facilita a instalação das cadeirinhas. No Brasil o sistema não é obrigatório, portanto você vai precisar instalar o equipamento com o cinto de segurança do veículo.

A regularidade no uso também é essencial. Não use a cadeirinha só para viajar, ou apenas em distâncias mais longas. Acostume seu filho a usá-la sempre, nem que seja para ir até a esquina.

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Em boa parte dos países desenvolvidos o uso da cadeirinha já era obrigatório havia anos quando o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) divulgou, em 2008, a determinação obrigando ao uso desse tipo de assento no Brasil.

A lei foi criticada por especialistas por ser branda demais e determinar a obrigatoriedade por idade, em vez de por altura e/ou peso, que são parâmetros mais exatos. Ela também isenta veículos de transporte escolar e de transporte coletivo, como táxis e ônibus, da obrigatoriedade.

Leia abaixo os principais pontos da resolução do Contran:

A LEI BRASILEIRA ESTÁ ATRASADA EM RELAÇÃO AOS ASPECTOS CIENTÍFICOS ATUAIS.

RECOMENDAÇÕES DA SBP:

  1. TODAS AS CRIANÇAS DEVEM VIAJAR NO BANCO TRASEIRO ATÉ OS 13 ANOS (PELA LEGISLAÇÃO 10 ANOS)
  2. Maiores de treze anos e com mais de 1,45m poderão sentar no banco da frente, como passageiros, no momento que conseguirem encostar os dois pés totalmente no chão do veículo, utilizando o cinto de três pontos de maneira correta.
  3. O modelo escolhido deve ter norma técnica do país de origem e ser certificado pelo Inmetro, deve se adaptar de forma correta no banco do carro e ser confeccionado de material resistente e durável.
  4. O tecido que reveste o assento deve ser resistente e macio, além de não esquentar com facilidade.
  5. A criança nunca deve utilizar a faixa transversal atrás dos braços ou colocá-la nas costas, já que o uso exclusivo da faixa abdominal não garante a proteção do tronco.
  6. Pais que dão o exemplo, ao obedecer às regras de trânsito, ao utilizar SEMPRE o cinto de segurança e ao adotar uma atitude firme para com seus dependentes, com a utilização correta dos assentos desde seu nascimento, terão a garantia de um transporte seguro e eficiente, além do respeito de seus filhos.

RECOMENDAÇÕES DA AAP DESDE 2011:

  1. A cadeirinha deve estar virada para trás até os 2 anos ou até a criança alcançar o maior peso e altura permitida pelo fabricante da cadeira. Até 2002 a recomendação anterior era que as cadeirinhas deviam ficar viradas para trás até 1 ano ou 9 Kg. Estudo de 2007 no Journal of Injury
  2. Prevention mostrou que quando as crianças menores de 2 anos estão colocadas voltadas de costas para a frente do carro o risco de de morte diminui em 75%.
  3. Booster deve ser usado até os 8 a 12 anos ou cerca de 145cm.
    O cinto deve passar pelo meio do peito, não no pescoço.

Acidentes são a maior causa de morte em crianças menores de 4 anos nos EUA. Para cada fatalidade , 18 crianças são hospitalizadas e mais de 400 sofrem lesões que requerem tratamento médico. Até a idade de 21 anos, são 5000 mortes ao ano nos EUA.

ANÁLISE DE CADEIRINHAS PELA PRO-TESTE (11/2014)

Cadeirinhas para bebês até 3 anos não protegem em acidente, diz associação.

Diversas cadeirinhas infantis vendidas no Brasil não oferecem proteção adequada às crianças em caso de acidente automotivo. Relatório divulgado pela Proteste (Associação de Consumidores) sobre nove modelos destinados a bebês de 0 a 3 anos, todos aprovados pelo Inmetro, tiveram resultados considerados “preocupantes”.

Nenhuma cadeirinha obteve índice máximo de segurança. Apenas uma ofereceu proteção na simulação de colisão lateral — situação que não faz parte dos testes necessários para a homologação de cadeirinhas no país. Dois modelos de cadeirinhas não aguentaram o impacto frontal e quebraram.

A bateria de testes contemplou duas das cinco classes de cadeirinhas existentes no mercado: 0+ (de 0 a 13 kg, peso médio de bebês entre 0 e 1 ano) e 1 (9 a 18 kg, o peso de crianças entre 9 meses e 3 anos). Também entraram na avaliação modelos que combinam os dois tipos (0+/1, de 0 a 18 kg).

Diferentemente do Inmetro, que realiza teste de colisão frontal a 50 km/h, com as cadeirinhas fixadas na fileira traseira de bancos, a Proteste simulou batidas frontais a 64 km/h (mesma velocidade dos crash tests da Latin NCAP) e também laterais, estas a 28 km/h.

A estrutura usada foi de um automóvel semelhante ao Volkswagen Golf. A escala de avaliação usou os conceitos “Ruim”, “Fraco”, “Aceitável”, “Bom” e “Muito bom” nos testes específicos; no geral, concedeu às cadeirinhas de uma a cinco estrelas.

Nos testes frontais, os três modelos da classe 0+ foram os únicos a apresentar resultados satisfatórios: Burigotto Touring e Lenox Casulo receberam selo “Muito bom”, enquanto a cadeirinha Galzerano Cocoon ganhou “Bom”.

As cadeirinhas combinadas se mostraram inseguras, com dois selos “Ruim” (Chicco Eletta e Baby Style 333, cuja presilha lateral rompeu durante o teste). Na mesma situação, a Galzerano Orion Master (classe 1) teve ruptura na parte de trás da estrutura.

No teste de colisão lateral, apenas a Bebe Confort levou o selo “Bom”. Burigotto Touring e Lenox Casulo ficaram com “Ruim”, e outras seis fabricantes obtiveram o selo “Fraco”. A ProTeste também apurou a facilidade de uso, analisando itens como qualidade do manual de instruções, procedimentos de instalação e método para prender a criança.

Nos testes laterais da Burigotto Touring e Lenox Casulo, boneco bateu forte a cabeça

RESULTADO FINAL

Segundo a ProTeste, as marcas Bebe Confort Axiss e Nania Cosmo foram as melhores, com três estrelas; Galzerano Coccon, Baby Style 7000 e Chicco Xpace ficaram com duas; Burigotto, Lenox, Galzerano Orion Master, Baby Style 333 e Chicco Eletta, apenas uma.

“A Proteste não considera nenhuma delas um produto realmente seguro. É um resultado preocupante, que mostra que o Brasil tem muito o que avançar. Vamos encaminhar esses dados ao Inmetro e pedir, em alguns casos, até a reavaliação de alguns modelos”, afirmou Dino Lameira, engenheiro da Proteste responsável pelos testes.

“Nenhuma marca alcançou cinco estrelas até hoje, então precisamos evoluir. Regulamentar os testes laterais e fazer carro e a cadeirinha ‘conversarem’, com cinto de segurança adequado para segurar o equipamento e pontos para conexão do suporte Isofix em pelo menos 60% dos veículos em circulação, são metas para os próximos anos”, disse Lameira.”

PREÇO NÃO É SEGURANÇA

Chamou a atenção a diferença de preços das cadeirinhas, algo que não necessariamente se refletiu em melhor desempenho nos testes. O produto mais caro, a Bebe Confort Axiss (preço médio de R$ 1.300) recebeu avaliação final de três estrelas, mas outro que custa um terço do valor, o Nania Ferrari (R$ 450), também obteve a mesma nota.

O segundo mais caro, Chico Xpace (R$ 1.200), teve duas estrelas, empatado com modelos como o Baby Style 7000 (R$ 170), que representa um sétimo de seu preço. Já o Chicco Eletta, cujo preço pode passar de R$ 1.000, recebeu só uma estrela.

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