Disciplina e Birra

O que é birra?

Ataque de cólera infantil, aparentemente desmotivado ou por um motivo aparentemente fútil. É importante parar para pensar: o que ela realmente deseja (atenção, disputa de poder, revide)? Existe alguma circunstância que serviu de gatilho (sono, cansaço, ciúme)?

É importante reconhecer que a birra é um processo normal de desenvolvimento da criança (que adquire maior relevância após o 2 anos), que ainda não controla suas emoções de raiva e precisa de um escape… A criança precisa dar vazão àquele turbilhão de sentimentos negativos que se acumulam.

Quando isso não acontece ou quando reprimimos veementemente a birra corremos o risco de embotar os sentimentos da criança, tornando-a insegura e favorecendo que seja um adulto “engolidor de sapos” com “úlcera nervosa”…

O que fazer na hora da birra da criança?

Evitar uma situação previsível de encrenca é a saída ideal. Os pais costumam ver apenas duas soluções: ceder ou castigar. Imaginam que, assim, estão rompendo com o conflito. Não estão, pois, se a criança usa a birra para chamar a atenção, já conseguiu o que queria e vai repetir a dose.

Deixa-a se acalmar em um canto apropriado, para que ela tenha tempo de organizar seus sentimentos (“cantinho do pensamento” ou “time out”).

Como fazer meu filho fazer o que eu quero?

Agir mais e falar menos.

A criança não precisa de um longo discurso de argumentação. A explicação deve ser sucinta. Diante de uma birra, o mais acertado é ajudar a criança a se acalmar logo e, depois, lhe explicar por que não pode fazer ou ter o quer de forma resumida. Quando a criança sente que é ouvida e respeitada, confia mais no adulto e pode aceitar com mais facilidade as regras, mesmo numa situação imprevista.

Em vez de tentar convencer a criança a realizar algo (tomar banho, escovar os dentes, etc), simplesmente faça. Ela aprende que para algumas coisas não há negociação. Apelar para brincadeiras e fantasias pode ajudar na criança antes dos 4 anos.

Como evitar a crise em locais públicos?

Quando posso dar umas palmadas?

As palmadas são um testemunho da incompetência dos pais como educadores. A criança pode até obedecer, mas o faz por medo de apanhar, e não por respeito. Um olhar seguro e bem dado é, sem dúvida, muito mais eficiente.

Castigo funciona?

Funciona, sim. Ele alivia a culpa da criança, que paga o que estava devendo e tem direito a novos créditos. O castigo também age como disciplinador. Ele atirou um brinquedo contra a parede? Fica sem brincar com outro brinquedo por um ou dois dias. Uma falta grave pode ser castigada com a retirada de atenção. Você pode dizer que gosta muito de seu filho, mas ficou chateada com o que fez e não vai falar com ele durante um certo tempo.

Meu filho só faz o que peço quando grito. Como saio dessa situação?

O grito é um mau hábito. Ele não impõe disciplina. Um diálogo eficiente deve ser feito face a face, num tom de voz normal – ainda que você precise repetir a instrução para a criança.

Devo sempre explicar por que estou dizendo não?

Não. Até os 4 anos, a criança não deve receber muita explicação. Ela apenas quer autorização para fazer algo.

Devo tentar dar nome aos sentimentos da criança?

A conversa com a criança sobre como ela se sente é de particular importância, mas muitas vezes ignorada. Aos dois e três anos, crianças vivem uma turbulência de emoções: medo, braveza, tristeza e satisfação. Enquanto que as crianças podem não ter exatamente o mesmo significado que os adultos para essas emoções, elas podem aprender a rotular e identificar sentimentos bons e ruins. Não subestime a capacidade que elas têm de entender emoções e sentimentos.

Os pais podem ajudar seus filhos a desenvolverem uma linguagem para expressar e lidar com sentimentos dando nomes a eles. Ao fazer isso, os pais têm a responsabilidade de gerenciar seus próprios sentimentos para ajudar a criança a lidar com os dela. Pelo uso da brincadeira, você pode oferecer à criança algumas saídas emocionais para a raiva, o medo e a ansiedade.

Como lidar com a agressividade e a briga?

O foco de brigas normalmente está em querer o brinquedo que alguma outra criança tem. A agressividade é uma parte normal do crescimento e pode estar relacionada aos nossos instintos de sobrevivência. A maioria das crianças é consideravelmente agressiva quando defende seus pertences ou a si mesmas.

Não existem respostas fáceis para como lidar com a agressividade excessiva, mas certamente não faz sentido para a criança ou para os pais resolver agressão com agressão.

A maneira com que os pais lidam com essas situações não influencia em quão agressiva a criança será. A criança menos agressiva vem de famílias não punitivas, não permissivas e que não rejeitam seus filhos. Os pais em famílias assim são consistentes na forma como lidam com a agressividade. Eles não utilizam punições físicas duras ou linguagem dura desnecessária, apenas estabelecem limites firmes e claros sobre o que esperam de seus filhos e o que aceitam deles.

A consistência é importante em qualquer técnica de intervenção que você utilize para lidar com a agressividade dos filhos. Uma técnica útil é tirar a criança da briga e isolá-la por alguns minutos. Cuidar rápido da situação, antes que a briga saia do controle, ajuda. Assim que o seu bebê de dois anos conseguir falar, pergunte o que ele sente e quer. Fazer isso ajuda-o a aprender a se expressar verbalmente ao invés de fisicamente.

Algumas vezes, oferecer à sua criança uma alternativa para a energia acumulada ajuda a reduzir o nível de agressividade. Exatamente como com adultos, exercícios físicos ajudam a liberar a tensão e a reduzir o nível de estresse. Brincadeiras criativas também ajudam a criança a trabalhar tendências agressivas. Pais podem contar com a imaginação da criança para ajudar a trabalhar conflitos.

Televisão é saudável?

Assistir muita televisão pode causar um impacto negativo nos níveis de atividade das crianças. Enquanto elas se sentam e olham o televisor, parecem zumbis. Mais tarde, essas mesmas crianças ficam superativas, correndo sem rumo e com pouco conteúdo nas brincadeiras. Para piorar ainda mais, normalmente é difícil dizer onde os desenhos acabam e os comerciais começam.
Contudo, assistir a televisão com moderação também pode ter fins positivos. Bons programas educacionais e desenhos têm muito a ensinar ao seu filho.

Mas lembre-se sempre de que muita televisão, mesmo com programas de boa qualidade, pode levar a um estilo de vida sedentário e nada saudável.

Mesmo os melhores programas não superam os benefícios de experiências reais com pessoas reais.

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